A drástica redução nos investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento e seu reflexo sobre a formação de novos profissionais e a retenção dos talentos estarão em pauta durante o 49º Congresso Brasileiro de Geologia, de 20 a 24 de agosto, no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro. Para se ter ideia, o número de trabalhos inscritos para o congresso este ano é 15% menor do que 2016 (2.557 para 2.175) e, de acordo com os organizadores, reflete o atual momento do país e da ciência, o que motivou uma das mais importantes discussões do congresso.
“A Mesa Redonda Defesa das Instituições Públicas de Geologia e da Ciência Brasileira, sob a coordenação da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG), tem como propósito discutir o atual estágio das políticas públicas na área de Ciência e Tecnologia e seus reflexos danosos ao País, com a falta de incentivo à P&D, que se verifica nos últimos anos”, afirma o diretor-secretário da SBG, Fábio Braz Machado.
A mesa incluirá também os recentes cortes anunciados no orçamento da Capes - veja nota oficial da SBG divulgada neste domingo (5) - http://www.sbgeo.org.br/home/news/350. Entre os participantes convidados estão o ex-secretário executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI, Luiz Antonio Elias; Alexander Kellner (Museu Nacional/UFRJ) e José Andriotti, do Serviço Geológico do Brasil (SBG/CPRM). O debate será mediado pelo presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira.
O Congresso traz ainda na pauta grandes temas como Petróleo e Gás, Segurança do Trabalho e Geologia, Mineração e Recentes Desastres Ambientais. “Enquanto na área acadêmica discute-se o cenário preocupante quanto à escassez de investimentos em P&D, na mineração a expectativa pelo equilíbrio econômico do país e a retomada do crescimento trazem esperança de melhores oportunidades neste setor”, destaca Hernani Chaves, presidente do Núcleo RJ-ES da SBG e da Comissão Organizadora do 49º CBG.
Fim das Ciências da Terra na educação básica
O Congresso também traz à tona outro tema preocupante: o possível desaparecimento de diversos conteúdos das Ciências da Terra da educação básica, na nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “Professores espalhados pelo País já enfrentam dificuldade na compreensão dos processos e na transmissão de conceitos do Sistema Terra. Bloqueando-se a formação de cidadãos que entendam o funcionamento do planeta, diminuirá a captação de talentos para cursos de graduação e pós-graduação e será prejudicada a formação de especialistas e professores. Um Brasil geocientificamente analfabeto resultará da extinção das Ciências da Terra nas escolas”, alerta Machado.
O Simpósio de Ensino e Educação em Geociências que acontece durante o 49º CBG focalizará, além dessas questões, a formação docente e a capacitação profissional diante de tantas mudanças no País, bem como os rumos da educação e o aprimoramento dos cursos de graduação, para que os futuros profissionais possam enfrentar as exigências, a complexidade e a sofisticação do futuro.
Da Redação
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