A Transpetro ainda não anunciou oficialmente, mas o Governo do Estado e investidores envolvidos já garantem: o estaleiro Promar Ceará é o vencedor da licitação para a construção de oito navios gaseiros. E mais: além de afirmar que o empreendimento vai, definitivamente, ser instalado no Estado, o governo informa que os empresários já querem participar de uma nova licitação da Petrobras para construção de plataformas de petróleo, o que elevaria, caso saísse vencedora, a unidade cearense à condição de estaleiro de grande porte.
Contudo, a localização da nova fábrica naval cearense ainda não está definida. De acordo com o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Antonio Balhmann, em um período de 20 a 30 dias deverá ser anunciado, de fato, onde será o local onde o projeto será erguido. "Estamos estudando juntamente com eles [os investidores] a localização, desenho de projeto, pra saber qual é a forma que a gente pode construir todas as soluções", informa. Segundo ele, a definição leva em conta as novas dimensões do projeto.
"O estaleiro deve ter uma grande área de expansão, porque vamos ter agora em março uma outra licitação pra plataformas de petróleo, e a gente quer que o Ceará esteja nessa luta também", acrescenta. "Estamos agora aprofundando essa questão. Ver necessidade de calado, ver outras questões que sejam necessárias pra que a gente possa compor um desenho e uma decisão mais balizada tecnicamente". Até então, a área apresentada como viável para o projeto era a ponta da enseada do Mucuripe. O presidente da Adece não informou se havia uma outra proposta de local.
De acordo com Balhmann, os navios plataformas que entrarão em licitação têm um custo médio de US$ 1 bilhão. "O estaleiro do Ceará é de grande porte. Começa de médio porte, como todos os outros. Nós estamos trabalhando a primeira fase assim. Quando entrarmos na segunda fase, o estaleiro do Ceará será tão grande e tão competitivo como é o Atlântico Sul", disse, referindo à maior indústria naval do Hemisfério Sul, instalada em Pernambuco. "A característica do empreendimento cearense é fazer navio de grande porte e de alto valor agregado", completa.
Operação em 2011
A partir de agora, portanto, o governo e os investidores terão de correr contra o tempo, para que o estaleiro esteja em operação até o fim do próximo ano, como planejam. As obras devem ter início ainda neste semestre. De acordo com Balhmann, será necessário cerca de um mês para preparar o projeto daquilo que será parte do governo. Um ´masterplan´ está sendo elaborado em função da necessidade dos navios. Ele explica que esse documento é um desenho inicial do projeto, não tão detalhado como o projeto executivo. A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) já está com o material para analisar o EIA/Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) e liberar a licença de implantação. "Eu creio que esse processo demande uns três meses", prevê.
STX será parceira tecnológica
A STX Brazil Offshore S.A deverá mesmo ser a parceira tecnológica do estaleiro cearense. Ainda não existe nenhum contrato fechado, mas as negociações com a PJMR estão avançadas e a STX já esteve ontem em reunião realizada no Palácio Iracema entre o governador Cid Gomes e o Promar Ceará.
A STX é um grupo coreano que engloba atividades em indústria naval, navegação, equipamentos pesados, construção e energia, e já vinha demonstrando há algum tempo em investir na área naval no Brasil.
"Estamos negociando uma parceria tecnológica. Ainda não está fechada, mas está bem encaminhada", informara o presidente do estaleiro STX Brazil Offshore, Waldemiro Arantes, em evento realizado no Rio de Janeiro à época. Assim, o Promar Ceará já contaria com três sócios. Isto porque já está definido que o Estado será sócio do projeto, investindo cerca de R$ 60 milhões em obras de infraestrutura e em participação acionária. "Temos que definir necessidade de energia local, água, ferrovia, estrada. Mas uma coisa é certa: o estaleiro do Ceará é irreversível".
Financiamento
Em relação ao financiamento do projeto, o presidente da Adece, que esteve na reunião de ontem, afirmou que já está tudo resolvido. "Já está aprovado o financiamento do estaleiro do Ceará pelo BNDES, com recursos federais. A engenharia financeira já está aprovada pelo conselho do banco", informa. A estimativa é de que o estaleiro custe cerca de US$ 100 milhões. Somente com os gaseiros, o Promar Ceará poderá ter um faturamento anual de até US$ 200 milhões, em plena atividade. Na próxima semana haverá nova reunião entre o governo e a PJMR para acelerar as ações em prol da concretização do empreendimento. A questão das infraestruturas necessárias, assim como preparação de projetos estarão em pauta.
Fonte: Diário do Nordeste
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