O Brasil é o país que dará a maior contribuição para o aumento da oferta de petróleo neste ano entre os que não fazem parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), avalia a Agência Internacional de Energia (AIE), em relatório mensal divulgado na última sexta-feira.
A entidade estima que a produção brasileira será elevada em 160 mil barris por dia (bpd) em 2010, para 2,7 milhões barris por dia. A oferta de petróleo do pré-sal subirá significativamente a partir deste ano, já que Tupi entrará na primeira fase comercial, com produção de cerca de 100 mil barris por dia até dezembro.
No entanto, apesar do objetivo do governo de pôr em prática o novo modelo regulatório das novas reservas, o Congresso aprovou apenas um dos quatro projetos antes do recesso de fim de ano. "O resultado dessa estrutura proposta é crucial para determinar a velocidade de desenvolvimento das reservas", diz o relatório.
O aumento da oferta brasileira previsto para 2010 supera o de países como Rússia (150 mil bpd), Azerbaijão (120 mil bpd) e Casaquistão (50 mil bpd). No total, a produção dos países de fora da Opep deve somar 51,5 milhões de barris por dia neste ano, alta de 200 mil. Além do Brasil e de ex-repúblicas soviéticas, contribuirão para o aumento da oferta a Austrália, Colômbia e Índia. A conta inclui a produção de etanol.
Em contrapartida, a oferta de petróleo nos EUA deve recuar. A retração é estimada em 130 mil barris por dia. A queda também deve se acentuar em países como Noruega e Reino Unido. O Canadá, importante fonte de crescimento no médio prazo em razão do óleo pesado, apresentará números estáveis em 2010, prevê a agência.
O crescimento no volume de reservas da Petrobras em 2009 agradou aos analistas, mesmo sendo o pior índice de apropriação desde 2002 pelo critério SPE (Society of Petroleum Engineers (SPE), utilizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Naquele ano, a companhia teve um acréscimo de 0,2%, pouco abaixo do que os 0,5% acrescentados às suas reservas em 2009. Na média entre 2002 e 2009, o crescimento ficou na casa dos 3,9%, com picos em 2003 e 2004, quando as reservas cresceram respectivamente 13,9% e 14,5% sobre o ano anterior.
"É preciso lembrar que estes volume ainda não consideram as reservas gigantescas do pré-sal", disse a analista Paula Kovarsky. No relatório sobre as reservas, a Petrobras informou que apenas estão contabilizados no cálculo sobre 2009 182 milhões de barris referentes a uma ínfima parte do pré-sal no Espírito Santo. Naquela região, a Petrobras já divulgou que as reservas atingem a algo entre 1,5 e 2 bilhões de barris. Já na Bacia de Santos, onde foram divulgados apenas os volumes prováveis de Tupi, Iara e Guará (de 9 bilhões a 14 bilhões de barris), há estimativas de analistas que elevam para algo em torno de 50 bilhões de barris.
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