A Petrobras está apostando numa tecnologia inédita no Brasil para escoar o gás natural do pré-sal e transformá-lo diretamente em óleo diesel, sem passar por processamento em refinaria. A nova tecnologia, chamada “Gas To Liquid” (GTL), será pela primeira vez instalada em uma unidade em alto-mar.
Segundo a diretora de Gás e Energia da estatal, Graça Foster, um projeto piloto para testar esta possibilidade vai ter início nas próximas semanas em Atalaia, no Nordeste. A alternativa permite comprimir um maior volume de gás em menor espaço, o que facilita seu transporte.
Atualmente, a tecnologia do GTL está presente principalmente nas áreas em que se encontram as maiores reservas mundiais de gás natural, como o Qatar. “A tecnologia permite transformar o gás em qualquer subproduto líquido. No caso do Brasil, como somos deficitários em diesel, vamos priorizar o processamento deste derivado”, disse Graça, fazendo questão de destacar que este projeto é completamente dissociado de outro, que prevê o processamento de gás em alto-mar em uma unidade de liquefação. “O escoamento do gás do pré-sal passa por todas estas alternativas e mais algumas”, comentou, após participar de um café da manhã com a imprensa, na sede da estatal, no Rio de Janeiro.
Graça disse ainda que confia em um aumento no consumo de gás em 2010, tanto pelas indústrias quanto pelas termoelétricas. “Mesmo com os reservatórios cheios, a economia está aquecida”, lembrou. Ela destacou que, em 2009, apesar da queda na demanda no início do ano devido à crise mundial, houve recuperação no segundo semestre deste ano. Graça citou o mês de outubro, quando houve empate no consumo de gás não-térmico no País, lembrando que, em 2008, este mês marcou as primeiras consequências da crise.
Consumo
Na primeira semana de dezembro, segundo a executiva, o consumo não-térmico chegou à média diária de 33 milhões de metros cúbicos (m³), ante 29 milhões de m³ no mesmo período de 2008. “De outubro até hoje tivemos picos de 40 milhões de metros cúbicos e a tendência é de subir mais no próximo ano, por causa do crescimento econômico. O consumo de gás deve acompanhar a evolução do PIB”, disse.
Sem admitir que há sobra de gás natural no País, Graça optou por traduzir como “apropriada a intenção de aumentar a flexibilidade da empresa” com a decisão de reduzir o volume importado da Bolívia. A mesma explicação foi usada para a suspensão da produção nos campos de gás não associado do Espírito Santo e a não utilização do gás natural liquefeito (GNL). A redução total da oferta foi de, aproximadamente, 25 milhões de metros cúbicos por dia.
A diretora de Gás e Energia da estatal disse que a participação da empresa no próximo leilão de energia eólica, a ser promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reforça a intenção da companhia de diversificar as fontes.
Fonte: Agência Estado
|